A síndrome do túnel cubital é uma condição médica causada pela compressão do nervo ulnar na região do cotovelo, mais especificamente no túnel cubital — um canal estreito localizado na parte interna do cotovelo. Esse nervo é responsável por parte da sensibilidade e controle motor da mão, especialmente no dedo anelar e no dedo mínimo. Quando comprimido, pode causar dor, formigamento e até fraqueza muscular. Embora menos conhecida que a síndrome do túnel do carpo, essa condição é igualmente relevante e pode afetar significativamente a qualidade de vida do paciente se não for tratada adequadamente.
Causas
A compressão do nervo ulnar no túnel cubital pode ocorrer por diversos fatores, incluindo:
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Movimentos repetitivos com o cotovelo dobrado, como ao segurar o telefone por muito tempo.
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Apoio frequente sobre os cotovelos, o que gera pressão sobre o nervo.
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Traumas anteriores, como fraturas ou luxações no cotovelo, que podem estreitar o túnel cubital.
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Anomalias anatômicas, como músculos acessórios ou tecido cicatricial que pressionam o nervo.
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Doenças sistêmicas, como diabetes e artrite reumatoide, que aumentam a suscetibilidade a neuropatias compressivas.
Sintomas
Os sintomas da síndrome do túnel cubital geralmente se desenvolvem gradualmente e podem variar em intensidade. Os mais comuns incluem:
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Dormência e formigamento no dedo mínimo e parte do dedo anelar, especialmente ao dobrar o cotovelo.
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Dor na parte interna do cotovelo, que pode irradiar para o antebraço.
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Fraqueza nas mãos, dificultando tarefas como segurar objetos ou digitar.
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Atrofia muscular, em casos mais avançados, com perda de massa nos músculos da mão (em especial, na região do hipotênar).
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Sensação de “choque elétrico” ao bater o cotovelo — conhecido como “bater o osso engraçado”.
Esses sintomas tendem a piorar à noite ou após atividades prolongadas com o braço flexionado.
Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome do túnel cubital é clínico, mas pode ser complementado com exames para avaliar a função do nervo e descartar outras causas:
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Exame físico detalhado, incluindo testes específicos como o teste de Tinel no cotovelo.
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Estudos de condução nervosa (ECN) e eletromiografia (EMG), que medem a velocidade e a força da transmissão do impulso nervoso.
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Ultrassonografia e ressonância magnética, em casos selecionados, para visualizar compressões estruturais ou alterações anatômicas.
Tratamentos
O tratamento depende da gravidade dos sintomas e da duração do quadro. Inicialmente, são indicadas medidas conservadoras, mas em casos mais graves pode haver necessidade de intervenção cirúrgica.
Tratamentos conservadores:
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Uso de talas noturnas para manter o cotovelo estendido durante o sono.
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Adaptação de atividades diárias para reduzir a flexão prolongada do cotovelo.
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Fisioterapia, com exercícios de deslizamento do nervo (neurodinâmica).
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Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), para alívio da dor e inflamação.
Tratamentos cirúrgicos:
Indicado quando os sintomas persistem por mais de 3 meses, ou há evidência de comprometimento motor.
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Descompressão simples do nervo.
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Transposição anterior do nervo ulnar (movê-lo para uma posição menos vulnerável).
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Ressecção parcial do epicôndilo medial, em casos específicos.
A taxa de sucesso da cirurgia é alta, especialmente quando realizada precocemente.
Prevenção e cuidados
Embora nem todos os casos possam ser prevenidos, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver a síndrome do túnel cubital:
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Evitar apoiar os cotovelos por tempo prolongado em superfícies duras.
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Reduzir o tempo com os cotovelos dobrados, principalmente ao usar o celular ou dormir.
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Praticar alongamentos e pausas regulares durante atividades repetitivas.
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Buscar ajuda médica ao primeiro sinal de formigamento, para evitar progressão do quadro.
Esses cuidados são especialmente importantes para quem trabalha em escritórios, motoristas ou profissionais que realizam movimentos repetitivos com os braços.
Conclusão
A síndrome do túnel cubital é uma neuropatia compressiva que pode causar desconforto significativo e impactar a funcionalidade da mão e do braço. Quanto mais cedo for diagnosticada, maiores são as chances de recuperação com medidas simples. Por isso, ao identificar sintomas como dormência no dedo mínimo ou dor no cotovelo, é fundamental procurar um especialista. O tratamento adequado, aliado a cuidados no dia a dia, pode fazer toda a diferença na sua qualidade de vida.
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