Fibromialgia: o que é, sintomas, diagnóstico e como tratar a dor crônica

Posted by: Dr. Nivaldo Cardozo Comments: 0

A fibromialgia é uma síndrome crônica que causa dor generalizada no corpo, além de fadiga, distúrbios do sono, alterações cognitivas e outros sintomas que impactam profundamente a qualidade de vida.

Apesar de ainda ser mal compreendida por muitos, essa condição afeta aproximadamente 2 a 4% da população mundial, sendo mais comum em mulheres entre 30 e 60 anos. É uma doença real, reconhecida por instituições médicas internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), e merece atenção e acolhimento.

Neste artigo, vamos explicar, de forma simples e acessível, o que é a fibromialgia, suas possíveis causas, os sintomas mais comuns, como é feito o diagnóstico e quais são os tratamentos mais eficazes atualmente.

Causas da Fibromialgia

As causas da fibromialgia ainda não são totalmente conhecidas, mas estudos apontam para uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais. A seguir, destacamos os principais:

  • Alterações no sistema nervoso central, que amplificam a percepção da dor (hipersensibilidade à dor);

  • Predisposição genética: é comum encontrar outros casos na família;

  • Traumas físicos ou emocionais, como acidentes ou eventos estressantes;

  • Distúrbios do sono: a má qualidade do sono agrava os sintomas da síndrome;

  • Doenças autoimunes ou infecciosas, que podem funcionar como gatilhos para o aparecimento da fibromialgia.

Embora não haja uma causa única, o mais importante é entender que a dor da fibromialgia não é psicológica, mas sim fruto de um funcionamento anormal da percepção da dor no organismo.

Sintomas mais comuns

O principal sintoma da fibromialgia é a dor crônica difusa — aquela que atinge diferentes partes do corpo, sem um local específico. No entanto, a síndrome costuma vir acompanhada de uma série de outros sinais, como:

  • Cansaço excessivo, mesmo após dormir;

  • Distúrbios do sono (sono leve, dificuldade para dormir ou manter o sono);

  • Rigidez muscular, principalmente ao acordar;

  • Dificuldade de concentração e memória, conhecida como “fibro fog”;

  • Ansiedade e/ou depressão;

  • Dores de cabeça frequentes;

  • Formigamentos nos braços ou pernas;

  • Síndrome do intestino irritável.

Os sintomas variam de intensidade e podem se agravar em momentos de estresse, mudanças climáticas ou esforço físico excessivo.

Diagnóstico

O diagnóstico da fibromialgia é clínico, ou seja, não depende de exames laboratoriais ou de imagem, mas sim da análise cuidadosa do histórico do paciente e dos sintomas apresentados.

Segundo o American College of Rheumatology, os critérios diagnósticos incluem:

  • Dor generalizada por mais de 3 meses, em ambos os lados do corpo e acima e abaixo da cintura;

  • Presença de pontos dolorosos específicos (em avaliações anteriores, esse critério era mais usado);

  • Avaliação da intensidade dos sintomas associados, como fadiga, sono não reparador e dificuldades cognitivas.

Exames laboratoriais podem ser solicitados apenas para excluir outras doenças com sintomas semelhantes, como lúpus, artrite reumatoide ou hipotireoidismo.

Tratamentos disponíveis

A fibromialgia não tem cura, mas tem tratamento, e o foco principal é a redução dos sintomas e a melhoria da qualidade de vida. O tratamento deve ser multidisciplinar, combinando estratégias médicas, físicas e psicológicas. Veja as abordagens mais comuns:

Medidas não medicamentosas:

  • Atividade física regular (como caminhadas leves, natação ou pilates), comprovadamente eficaz na redução da dor;

  • Fisioterapia personalizada para alongamento e fortalecimento muscular;

  • Psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), para ajudar no controle emocional e enfrentamento da dor;

  • Técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda e mindfulness.

Medicamentos:

  • Antidepressivos tricíclicos ou inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (como a duloxetina);

  • Anticonvulsivantes, como a pregabalina e gabapentina, que ajudam a modular a dor;

  • Analgésicos simples podem ser usados pontualmente, mas opioides não são recomendados.

Cada paciente responde de forma diferente, e por isso o acompanhamento com um reumatologista é essencial para encontrar a melhor combinação terapêutica.

Prevenção e cuidados

Não há uma forma comprovada de prevenir a fibromialgia, mas algumas medidas podem ajudar a controlar os sintomas e prevenir crises, como:

  • Adotar uma rotina de sono saudável;

  • Praticar atividades físicas moderadas e regulares;

  • Evitar sobrecarga emocional e estresse excessivo;

  • Manter uma alimentação equilibrada;

  • Estar atento aos sinais do corpo e buscar ajuda profissional ao menor sinal de piora.

A educação do paciente também é parte fundamental do tratamento. Entender a doença, reconhecer os gatilhos e participar ativamente do processo terapêutico fazem toda a diferença.

Conclusão

A fibromialgia é uma síndrome real, complexa e que impacta não apenas o corpo, mas também a mente e as emoções. Embora ainda existam muitos mitos ao seu redor, é fundamental reforçar que o sofrimento do paciente é legítimo e que existe tratamento.

Se você ou alguém próximo apresenta sintomas semelhantes aos descritos, busque avaliação com um reumatologista. Com o acompanhamento adequado, é possível recuperar o bem-estar e viver com mais leveza, mesmo diante da dor crônica.

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